Dieser Blog präsentiert eine Auswahl verschiedener Texte von mir. Die Herangehensweise ist multilingual und interdisziplinär. Die Themen sind international und betreffen vor allem Nachhaltigkeit, Wirtschaft, Politik und soziale Aspekte.
Viel Vergnügen! - JJ Bürger -

Ce blog rassemble une séléction de mes textes. L'approche est plurilingue et interdisciplinaire. Les sujets sont internationaux et concernent notamment la durabilité, l'économie, la politique et certains aspects sociaux. Bonne lecture! - JJ Bürger -

Monday, December 11, 2017

Resposta de demanda elétrica: experiências no Brasil e na Alemanha

Por JJB

 
A flexibilidade do sistema elétrico está muito presente nas discussões sobre o futuro energético. Efectivamente, o impacto da produção das energias renováveis é frequentemente imprevisível. De mesmo, o consumo elétrico das novas innovações, como por exemplo os veículos elétricos, pode ter consequências desconhecidas sobre o sistema. E essas tecnologias vão avançar ainda mais no futuro.


Mas apesar da importância das grandes visões estratégicas à maneira de Tesla, Google e Uber, também vale a pena perguntar qual é a situação atual dos primeros projetos de flexibilidade. De fato, já existem primeros projetos de Resposta da Demanda, ajustando a procura à produção elétrica, sem precisar de blockchain ou de grandes innovações no armazenamento da energia elétrica.



Resposta da Demanda no Brasil
 
Tradicionalmente no Brasil, a energia hidráulica tem uma posição dominante. Esse tipo de energia já dispõe de um grau importante de flexibilidade intrínseca, visto que a água pode ser armenazada antes da produção elétrica. Isso também significa que os preços no mercado elétrico não estão incentivando a criação de novas capacidades de flexibilidade (veja por exemplo essa presentação da IEEE PES).
Todavia, a energia hidráulica também conhece limitações, seja no potencial de armazenamento de cada barragem, seja no potencial geográfico, ou ainda nos fatores ambientais e sociais que podem entravar a construção de novas barragens. Além disso, o consumo elétrico brasileiro não para de crescer. Assim, o Brasil começou a explorar a resposta de demanda, afim de ajustar a procura elétrica à produção.



Nesse contexto, o Brasil introduziu bandeiras tarifárias. Quando as condições são menos favoráveis à produção elétrica, o preço vai subir. Há quatro níveis diferentes: a bandeira verde (= condições favoráveis, então acréscimo de tarifa de 0 R$), a bandeira amarela (acréscimo de tarifa de 0.01 R$), a bandeira vermelha patamar 1 (acréscimo de tarifa de 0.03 R$) e por fim a bandeira vermelha patamar 2 (= condições muito desfavoráveis, acréscimo de tarifa de 0.05 R$/kWh ou seja 0.01€/kWh). Para o mês de Dezembro 2017, a bandeira tarifária é a bandeira vermelha patamar 1.


Outras medidas de Resposta da Demanda estão em discussão. Porém, hoje em dia, o sistema brasileiro ainda não chega a incentivar as reduções de consumo de maneira direta. Quando as condições não estiverem favoráveis, uma redução do consumo só pode impedir que o valor da conta do consumidor aumente. O consumidor brasileiro ainda não pode ganhar dinheiro com uma redução do consumo, mesmo que ela seja útil para o sistema elétrico.



Assim, vale a pena comparar o caso brasileiro com o da Alemanha.  



Resposta da Demanda na Alemanha


Na Alemanha, o progresso da energia solar e das turbinas eólicas significa que uma parte importante da produção elétrica é relativamente imprevisível. Assim, há situações de producão excessiva e otras situações de produção insuficiente. No âmbito da sua estratégia energética, a Alemanha introduziu, em 2013, a Lei sobre os acordos de consumo interruptível (chamada "AbLaV"). Por conseguinte, os grandes consumidores elegíveis podiam pedir a participar num programa remunerando a disponibilidade para uma redução de consumo. Quando estiver realmente necessário reduzir o consumo, o participante deve ser pronto para agir em somente alguns segundos (tipo 1: "interrupção imediata") ou em 15 minutos (tipo 2: "interrupção rápida"). A oferta mínima é uma redução de 5 MW no consumo do participante.

Essa "lei AbLaV" suscitou muitos debates, a oposição parlamentária achando que o dispositivo beneficia só os grandes consumidores. Até a BNetzA, a agência reguladora alemã, repetiu nas suas análises que os mercados já existentes da eletricidade seríam suficientes para incentivar esse tipo de redução de consumo dos grandes indústrias… e isso a um custo muito inferior ao custo da "lei AbLaV". 

Todávia, o governo alemão já prolongou várias vezes esta lei que inicialmente deveria ser só um projeto-piloto de 2013 a 2015. Na versão atual, a “lei AbLaV” permanece em vigor até Julho 2022 pelo menos. 

Mas visto que é um projeto com um tamanho limitado, o custo em 2017 era só de 0.006 ct€/kWh, (seja 0.00006 €/kWh ou em Reais 0.00023 R$/kWh), significando por ano 0.29 € (ou 1.13 R$) para uma família média. Isso é muito mais barato do que quase todos otros programas energéticos da Alemanha, e então não há muita polémica sobre a vontade do governo alemão de prolongar esse projeto-piloto.



Conclusão

O Brasil e a Alemanha começaram a explorar diferentes opções para aumentar a flexibilidade do sistema elétrico. No Brasil, as medidas visam todos os consumidores, enquanto que na Alemanha, visam só um grupo muito limitado. As duas estratégias têm vantagens e desvantagens. Contudo, elas podem nos ajudar para aprender mais sobre as opções de flexibilidade.  É necessário continuar a pesquisa e o diálogo entre os países e entre as diferentes estratégias.